Direto do túnel do tempo: artigo publicado no Jornal Rotta em 2/8/2018.
Inauguração de Armário. Nos idos de 2012, a administração municipal inaugurou com “pompa e circunstância”, um parquímetro na Praça Marechal Floriano, bem no centro de Passo Fundo. A imagem do equipamento rodeado por CCs, políticos eleitos, imprensa e admiradores, adornado com uma larga fita vermelha para enaltecer o descerramento deste belo patrimônio público foi algo inesquecível. É impossível acompanhar todas as peripécias administrativas dos nossos políticos, mas creio que algo curioso rivalizou recentemente com tal momento: um armário para empréstimo de livros foi “inaugurado” na rodoviária da cidade. O móvel de madeira estava rodeado por autoridades. Muitas autoridades. Os ventos de 2018 chegam com força e tiram as pessoas dos gabinetes, para qualquer coisa.
Trio Parada Dura. Jair Bolsonaro, Jandira Feghali e Jean Wyllys votando em sequência pelo “não” ao relatório que livrou Michel Temer de investigação, na última quarta, 2 de agosto. Parece estranho, mas é o Brasil. Desta vez, sem cuspe. Não deu para a coalizão de esquerda + “sabe-se lá o que”. Ao final da noite, depois de tirar o Jornal Nacional e a novela da Gloria Perez do ar, Temer ficou. Tem gente dizendo que o Michelzinho foi dormir na avó na noite da votação.
Compadrio. O Brasil odeia os políticos, mas ama o Estado. Parafraseando o Bruno Garschagen, parece que as pessoas (até mesmo em Passo Fundo) ainda não entenderam como pode ser perniciosa a relação de grandes empresários – escolhidos como campeões nacionais – com o governo e suas benesses, empréstimos e renúncias. Eu vejo gente comemorando aos quatro ventos certas “vitórias” e sempre com o mantra da “geração de emprego” e “retorno de impostos”. Uma empresa pode ser grande, mas imaginem a força dissolvida de milhares de pequenos e médios operando em liberdade, com impostos justos e ambiente favorável ao empreendedorismo? De 1000 novos empreendimentos neste cenário, 5 ou 6 não virariam, por conta própria, grandes empregadores e investidores? Os políticos não querem pagar pra ver.